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III Colégio de Presidentes de Subseção: A advocacia espera de nós o impossível, e é isso o que vamos buscar, diz Felipe na abertura do encontro

Eduardo Sarmento A batalha pelo pleno exercício da advocacia e a necessidade de superação das diferenças de forma a possibilitar uma colaboração efetiva da classe para vencer a crise econômica e institucional enfrentada pelo país e, mais especificamente, pelo estado deram o tom da abertura do III Colégio de Presidentes de Subseção da atual gestão. O evento teve início na noite desta quinta-feira, dia 24, em um hotel na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em seu discurso, o presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, enalteceu o comparecimento maciço dos dirigentes como uma demonstração de força da Ordem, lembrando as dificuldades enfrentadas para que o encontro acontecesse. "Em um dia de colapso na cidade, mostramos que sonhamos alto, e a presença de todos é mais uma demonstração de sacrifício e compromisso. A advocacia espera de nós o impossível, e é isso o que vamos buscar. Temos que recusar a agenda do ódio. O país está sob ataque e não estamos à margem deste processo de desconstrução. Mais do que nunca, é preciso passar por cima das pergências", afirmou, antes de classificar como marcante a presença dos ex-presidentes da Seccional Wadih Damous, Octávio Gomes e Sergio Zveiter. "Quando eles comparecem ao Colégio de Presidentes é como se compartilhassem o sonho de democracia que nos une. Não vamos nos deixar levar pela loucura que a sociedade está vivendo", disse. Felipe sublinhou a relevância da advocacia do interior e abordou sua forte ligação com os colegas de fora da capital. "Sou fruto do processo de fortalecimento das subseções, não à toa meu primeiro cargo na Ordem foi no comando do DAS [Departamento de Apoio às Subseções]. Nosso estado está sendo destruído, precisamos resgatar nossa autoestima. Talvez estejamos diante do maior desafio de cada advogado e advogada deste país", disse, pedindo aos presentes uma atenção especial aos colegas mais necessitados. "Tragam para a Ordem essas histórias de vida que nos interessam. Mitigando os danos dos mais sofridos estaremos cumprindo nossa missão", considerou. O ex-presidente e membro honorário vitalício do Conselho Federal Marcus Vinicius Furtado elogiou o congraçamento promovido pela Seccional e realçou a atuação institucional da Ordem em tempos de sobressaltos. "Um bom líder é aquele que ouve quem faz a gestão, e neste sentido não há nada mais importante do que conversar com os mandatários das subseções. A Ordem das prerrogativas e da cidadania são complementares, o que conquistamos hoje se deve ao fato de nunca termos virado as costas à sociedade", falou. Indo ao encontro do que disse Felipe, as ameaças à democracia no país foram ponto de destaque em seu discurso. "Sempre fomos protagonistas nos momentos transformadores do Brasil e do mundo; temos que continuar participando e cobrando que os crimes praticados sejam punidos de acordo com o devido processo legal. Parece muito óbvio, mas é esquecido com frequência. Nossa união é importante para garantir as eleições deste ano, para garantir a democracia", explicou. O respeito da OAB perante a sociedade também foi lembrado pelo diretor do DAS, Carlos André Pedrazzi, que colocou o Colégio de Presidentes como "o fórum mais importante da gestão", salientando que "é onde encontram-se as verdadeiras lideranças da classe no estado". Pedrazzi detalhou a programação do encontro, que vai até domingo, dia 27, e contará com palestras sobre temas atuais, tanto institucionais quanto corporativos, como segurança pública e a relação entre o Conselho Nacional de Justiça e a advocacia. "Onde o ódio impera, é fundamental que a Ordem tenha voz e vez em todos os assuntos da sociedade. Somos um grande grupo de trabalho, e ao final tenho a certeza de que produziremos um importante documento como contribuição à advocacia", concluiu. Formaram a mesa do evento, também, o secretário-geral, a secretária-adjunta e o tesoureiro da OAB/RJ, respectivamente Marcus Vinicius Cordeiro, Ana Amelia Mena Barreto e Luciano Bandeira; os conselheiros federais Flavio Zveiter e Marcelo Fontes Cesar de Oliveira, o presidente da Caarj, Marcello Oliveira, o presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da Seccional, João Baptista Lousada Câmara; a presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, Rita Cortez; os conselheiros do CNJ André Godinho e Valdetário Monteiro e o decano do Conselho Seccional, Marcos Bruno. Como os advogados salvaram o mundo Após a mesa de abertura, o advogado e escritor José Roberto de Castro Neves proferiu uma palestra de lançamento do livro Como os advogados mudaram o mundo (editora Nova Fronteira), no qual o autor propõe uma viagem pela história destacando pontos-chave da formação da civilização que tiveram advogados como protagonistas. Da Roma Antiga à criação da primeira faculdade de Direito no Brasil, passando pela Idade Média e a mistura de poderes entre Estado e Igreja, por Martin Lutero e Calvino, pela Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos, que entre seus nove primeiros presidentes teve oito advogados, Castro Neves trata as situações com bom humor, misturando um estudo aprofundado da história com curiosidades, algumas delas pitorescas. "A fundação de São Paulo, por exemplo, aconteceu após uma briga de advogados. Protagonizamos grandes acordos, como o Tratado de Westfalia, e julgamentos, como o de Nuremberg. O propósito do Direito é garantir uma ordem e só podemos esperar isso em uma sociedade minimamente justa, com conceitos de igualdade. Outras profissões podem viver em um estado autoritário, nós não. Precisamos de um ambiente democrático, com justiça. Esta é a razão pela qual estivemos, ao longo do tempo, liderando qualquer momento onde houvesse choque, sempre para resgatar a liberdade e garantias básicas das pessoas", explicou.
24/05/2018 (00:00)
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